quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Da janela de um trem

O COL (Clube de Oratória e Liderança ) me permitu bons encontros. Um dos mais sólidos e duradouros tem sido com o empresário Mário Zendron. Ao completar em janeiro 81 anos, esse senhor que tem muito da juventude de sua idade inversa ainda presente no dia-a-dia - basta conviver com ele para admirá-lo por isso -, presenteou os convidados para a sua festa com sua biografia.

Abraçado por Ilaine Melo, o amigo Mário Zendron num jantar do COL com o presidente Roberto Neotti

Saí do Prinz com o livro "Da janela de um trem - Memórias dispersas" numa sexta-feira a noite. No domingo de manhã, viajei quase 100 Km para "tentar" lê-lo numa das praias que mais gosto, Cabeçudas, em Itajaí, SC.
"Tentar" porque biografias que não sejam de grandes escritores ou personalidades, quase sempre são muito chatas. No máximo alguns membros da família (muito poucos) se "obrigam" a ler inteiramente.
Eram 9h de uma manhã nublada num dia que seria de pouco sol - somente a partir das 13h - e, ainda assim, tirado o seu brilho de vez em quando por algumas nuvens que deixavam cair minguados pingos no corpo aquecido pelo mormaço, o que provocava um frescor despertante.
Acompanhado de vinho, água e alguns petiscos, fui me deixando levar pelas histórias que lia. Algumas já as conhecia. Outras, surpreendentes novidades como quando ele grita publicamente com o ex-governador de SC, no aeroporto, acusando-o de "não ser homem" e Esperidião Amim por pouco não o agride.
Esse é o Mário Zendron. Um homem de muitas, muitas histórias, um empreendedor, uma criatura do bem impregnada de conceitos de gerações de décadas atrás e também preconceitos, como os temos todos os seres humanos, por mais que os queiramos negar.
O vinho bom, a paisagem da praia, as mulheres lindas a desfilar e algumas, sentadas ao longe, a flertar, de vez em quando me tiravam da leitura. No meio da tarde, quando me dei conta, eu acabara de ler o livro. Fui surpreendido pelo "aprisionamento" à leitura e eu não sou parente do Mário Zendron!!! - apesar de às vezes tratá-lo como se meu pai fosse. Noutras, como irmão. Mas, quase sempre como um dos meus melhores Amigos.
Tenho outras biografias de amigos e conhecidos. Nenhuma delas consegui terminar a leitura. A maioria não me cativou para ler dez páginas. "Da janela de um trem" quase me fez esquecer onde eu estava. De tal maneira que ao terminar a leitura então retornei do imaginário da criação de imagens que o texto me remetia constantemente para me contextualizar com o que acontecia ao redor de mim. A praia estava cheia e eu ardendo. Fiquei sentado desde às 9h com meu lado esquerdo para o Leste e o sol escondido atrás das nuvens. Estas deixavam cair alguns esparsos pingos de chuva que me refrescavam do mormaço.
A leitura absorveu-me tanto que não senti o que me acontecia; e a imprudência não me deixou que me protegesse com o protetor solar. Assei-me, embolhei-me e troquei a pele dos pés às orelhas na metade (esquerda) do corpo nos dias seguintes. A leitura me fez admirar ainda mais essa criatura, esse Amigo que também está no vídeo da minha produtora produzido para comemorar os 30 anos do COL. Vale a pena ouvi-lo e ver seu depoimento no video.

Um comentário:

  1. Caro Altamir,
    De minha parte, como editor, agradeço seus comentários sobre o livro do Mário. De fato, pensando na facilidade de leitura é que optamos por um texto informal, sem firulas literárias, de acordo com o estilo rude do autor. Livro para todos os tipos de leitor. A transparência da linguagem valoriza a narrativa dos fatos e das diversas situações vividas pelo autor.

    Um abraço
    Hilton

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